sexta-feira, dezembro 15, 2006

- É... mais uma desilusão...

- Hã? Do que você tá falando?

- De você!

- Como assim Ale?

- Não se preocupe, talvez você não seja culpado.

- Eu não entendo... primeiro você diz que precisava estar comigo. Marcamos, você está aqui, deitado no meu colo quieto por vários minutos, com uma expressão aérea...

- Indiferente...

- Que seja... e agora solta essa frase, eu realmente não entendo.

- Pois é, há tempos que você não entende, que você não ME entende, Viny.

- Cara, do que você ta falando? Me explica!

- Talvez eu tenha esperado demais de você, cobrado demais, me iludido demais. Quem não me conhece talvez até pense que eu gosto disso, de sofrer essas desilusões que parecem se repetir cada vez com mais freqüência!

- ...

- Tanta coisa aconteceu... você mudou, eu mudei... No começo eu sofri, mas isso desgastou até mesmo meu sofrimento. Não te odeio, muito menos te amo e talvez eu não sinta isso por ninguém, sabe? É como se eu fosse um grande vazio de sentimentos. Comecei a passar horas trancado no meu quarto, ouvindo as músicas que mais gosto, repetidas vezes, deitado na cama e olhando pro teto, sem pensar em nada, apenas ali... como se eu apenas vivesse, sem qualquer propósito.

- Eu não sei o que te dizer, Ale...

- Eu já esperava por isso... aliás, acho que eu já não esperava mais nada. Mas de certo modo é bom que ao menos você possa me ouvir, mesmo sem entender ou ser capaz de remediar todo esse amontoado de enganos e falsas esperanças.

- Ainda não sei onde quer chegar!

- Em lugar algum, não há onde se chegar. Você não entende que não é mais como antes? Que tudo mudou naquela semana? Que você deixou de ser o mesmo por tempo demais e isso se tornou tão constante que eu parei de me importar?

- Mas foi uma fase, eu estou aqui não estou?

- Pra mim é como se não estivesse, pois não importa mais. Não estávamos prontos para termos qualquer tipo de contato e talvez nunca mais estejamos depois dessa conversa.

- Onde você quer chegar, Ale?

- No exato momento em que eu digo que nada mais tem significado, em que minha mente se esvaziou de qualquer pensamento que pudesse perturbar meu sono. Eu não sinto mais nada, entende? Nada me alegra nem entristece mais, tudo perdeu o sentido. Talvez eu fosse feliz na época em que era depressivo e isso com certeza é o paradoxo mais irônico de toda a minha vida!

- Esse ponto eu entendi... já que nessa época ao menos você tinha um sentimento, não é?

- Exato.

- E agora?

- E agora eu me vou, eu vim mesmo pra ter certeza de que eu não estava enganado e fosse só uma fase, mas já faz um bom tempo que estou assim e mesmo dizendo que me vou, não desperta em mim o mínimo sentimento. Nem ao menos o de remorso por dizer que o culpado disso tudo foi você.

- Eu não queria que acabasse assim... nossa amizade... você ainda é meu melhor amigo.

- E você ainda é a pessoa que mais pode me ouvir, mas como eu já disse, não importa mais. Eu não posso continuar com isso, não quero ter que fingir. Fingir que ainda sinto algo, que ainda o considero um amigo, que ainda desejo te beijar. Fomos amigos e muito mais que isso,Viny. Mas hoje, nesse exato momento e de agora em diante, não seremos mais nada.

- ...

- Lágrimas... as primeiras que eu vejo você derramar. Eu o invejo por isso! Desejei tanto ser forte como você e não chorar por qualquer coisa e hoje nem sei mais o que é chorar. Pela primeira e última vez limparei suas lágrimas.

- Eu... não queria que fosse assim, me desculpe...

- Já é desnecessário seu pedido de desculpas e já se passou tempo demais pra isso. Esqueça. Não darei um beijo de adeus, pois seria dramático demais e de nada adiantaria um beijo vazio. Prefiro que você recorde dos momentos em que fomos felizes, em que passávamos tardes inteiras rindo um com o outro. E não se preocupe comigo, já não dói mais como doeu no começo!

- Você já vai?

- Sim, não há mais porque ficar aqui. Apesar do que aconteceu nessas últimas semanas, foi bom tê-lo comigo por um tempo. Dei a você o meu melhor e sinta-se feliz por ter sido o último. Agora que já me levantei, eu me vou...

- Quer que eu o acompanhe?

- Melhor não...

- Antes você diria “claro, se for o que você quer”.

- Antes eu o amava e você não me deixava como segundo plano.

- ...

- Desculpe-me, acho que estou sendo mais insensível do que o necessário.

- Você apenas está sendo sincero.

- Sinceridade às vezes machuca e eu sei que as minhas são dolorosas pra você e que por mais que eu diga pra você esquecer, eu sei que você se culpará por isso, mas não vou me esforçar para provar o contrário, você sabe muito bem porquê.

- Então é um adeus?
Sem olhar pra trás, Alexander se foi, nem ao menos uma resposta, um aceno, um sinal qualquer que fosse. Foi pra não voltar mais e Vinicius ficou ali por um tempo, sem reação, um turbilhão de sentimentos, lágrimas que não cessavam, o peito queimando. A dor não cessaria jamais, pois ainda pior que a indiferença, é ser o causador da mesma.

4 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Olá querido!
Estou sem saber o que dizer sobre esse texto, ficou muito bom... Talvez exista muito de você nesse texto, talvez exista muito do q vc está sentindo agora... Mas isso, soh vc mesmo q sabe, não é?

Estarei sempre contigo qndo precisar!!

Te adoro lindo!!
Beijoss

7:02 PM  
Anonymous Anônimo disse...

que lindo esse texto.

vc é de onde?

10:38 AM  
Blogger Saullo Seymour disse...

meu deus!!!!! isso foi magico!!!!!

e ve se lembra pelo mnos o que posta tah deko? meu escritor....XD

3:38 PM  
Blogger Camilo Martins disse...

Me deu medo, angústia, tristeza, até chorei. Descobri assim, que você é difícil, e te entender também é complicado. Mas penso que a maior dificuldade seja para você na hora de entender como tudo isso funciona, e ainda conseguir por isso para fora. Não vou dizer que é bom ou ruim porque sou contra esse tipo de coisa. Mas me chocou muito, me marcou, me deixou...tristemente bem.

1:58 AM  

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