quinta-feira, novembro 30, 2006

Eu esperava ali só, nem levou muito tempo até que aparecesse. Não era o que eu esperava, era ainda melhor. Fizemos inúmeras coisas que não vêm ao caso relembrar, pois a única coisa que me volta à mente todo instante é aquele fim de tarde. Tão leves toques em meu braço, segurando minha mão, tão pequena comparada à sua.
Sua cabeça recostando em meu ombro, minha cabeça se apoiando na sua... movimentos lentos, mas cruciais. Nossos rostos foram de encontro um ao outro, nossos lábios se tocaram tão levemente que mal pude sentir os seus. Um singelo e tímido primeiro beijo, algo proibido. Poderiam ver, e viram. Meu coração disparava, era medo, era angústia, era saudade do que não era ainda, era amor, era desejo, era simplesmente eu e você. Finalmente os lábios se encontraram de forma mais intensa, mais apaixonada, as línguas dançavam como se já conhecessem tal música, composta somente para nós.
Um aperto no peito, uma saudade, um certo pesar. Há muito escolhi que ser feliz era o que importava, talvez tenha sido egoísta em minha escolha. Há uma vastidão que me odeia por isso, já gritei, esperneei, sofri, apanhei, sangrei, me levantei novamente e continuei meu caminho, até então pra lugar algum. Ainda sou condenado e muitos nem sequer levam em conta que tudo que quero é ser feliz. Quisera eu eles me entendessem.
Quis muito provar novamente de seu beijo, tão intenso e sincero. Quis e o tive, embora proibido. Nem me dei conta, mas o passado nem importava mais, somente aquele beijo. Confesso que quis fugir, não antes... talvez agora. Não estou triste, ou ao menos não deveria estar, mas algo me incomoda por dentro, parecendo revirar todos meus órgãos de forma abrupta e desordenada. É ruim. Talvez seja sua falta, talvez receio... Não sei. Quero fugir, ir pra bem longe, meu medo retorna, há tanto ainda que enfrentar, tantos ainda que contrariar.
Se fosse antes, talvez nem aqui estaria mais. Mas tenho você, não tenho? É tão bom e ao mesmo tempo assustador. Queria permanecer ao seu lado todo o tempo que me resta, que não é pouco, embora pareça para se estar com você.
Me acalme, diga que o que de ruim que passa em minha mente é mentira. Me tire dessa solidão em que eu mesmo me meti. Não sei porque isso acontece comigo, ainda há tanto que aprender e viver, talvez ainda seja medo. Medo de ser feliz? Talvez...
Não quero mais isso, quero só estar em seus braços novamente, ter você deitado em meu colo, acariciar seus cabelos, ter você cuidando de mim. E daí que talvez seja errado? Quem disse que eu deveria fazer sempre o certo? Quem disse que ser feliz é errado? Então por que eu não retorno? Não sei...
Meu peito aperta... sei lá, é algo forte... lágrimas forçam pra cair e eu nem sei porque. Minha mente vai à mil, mil pensamentos negativos que eu tento afastar. Talvez esteja ficando louco e isso tem se tornado cada vez mais constante no meu dia-a-dia. Por que tudo isso não cessa e me deixa em paz?
Lembro novamente dos seus toques, tão tímidos e carinhosos, como se eu fosse me partir em dois. Vejo que talvez eu seja mais frágil do que tento não parecer. Que talvez eu não seja o que deveria, mas que com você não há porque fingir, pois você vê além do que eu mostro, você sabe quem sou e me tem. Mas eu finalmente achei o que procurava... e o achei em você!

quinta-feira, novembro 02, 2006


We all had our reasons to be there
(Nós todos tivemos nossas razões para estar lá)
We all had a thing or two to learn
(Nós todos tivemos uma coisa ou duas a aprender)
We all needed something to cling to
(Nós todos precisávamos de algo para nos agarrarmos)
So we did
(E então nós fizemos)

(Alanis Morissette - Forgiven)

Com o tempo aprendemos que é sempre muito pouco tempo pra se estar com quem se gosta. Muitas vezes perdemos nosso tempo dando prioridade a coisas fúteis, banais que se um dia se forem não farão falta, mas com isso esquecemos do que realmente importa... Acabamos por deixar de lado pessoas, mas não pessoas quaisquer, pessoas especiais, que mesmo longe nos iluminam com sua alegria. É doloroso só perceber isso quando não se pode mais desfrutar de tal presença exuberante, de sorriso contagiante.
Quantas vezes deixamos de dizer um "eu te amo" por orgulho, quantas vezes deixamos de cumprir uma promessa que pra nós não era importante (mas pra alguém era...), quantas vezes deixamos de fazer uma visita simplesmente por pensar "ah, na próxima semana eu vou!". Mas também quantas vezes paramos tudo e vemos quantas coisas deixamos de fazer por negligência, esquecimento ou por "falta de tempo", mas aí é tarde demais. Para casos como amor e amizade não deve existir falta de tempo. Sempre tive orgulho das pessoas que conheci, dos amigos que tenho e tive, dos elogios que recebi pela dedicação dada... mas tudo isso é em vão quando olho para trás e para o agora e vejo que falhei... falhei comigo mesmo ao deixar de lado algumas pessoas especiais. Hoje elas não estão mais aqui e não poderei dar aquele abraço forte (de quem ama) e dizer três simples, porém muito significativas palavras: "eu te amo".
É triste que precisemos perder pra aprender a dar valor. Que isso não se repita, que eu seja mais esforçado, mais carinhoso e amoroso. Que parte de meu tempo seja dedicada à meus amigos, à meus familiares, àqueles que moram em meu coração mesmo sem saberem disso.
Nada é mais importante que um sorriso, mesmo que de um desconhecido, mas não há nada comparado ao sorriso de um amigo, de um irmão, de um ente querido.
Quantas vezes ouvi dizer que um dom meu era o do amor, amor incondicional que eu emanava a quem o quisesse. A vida tem sido difícil (e há algum tempo que não me queixo mais disso), mas em muitos momentos eu me fechei e esqueci do amor que tinha e que tenho, quando tudo que eu precisava era deixá-lo fluir ainda mais. Hoje eu sei que esse amor que tanto me orgulhei de ter não é nada sem alguém para recebê-lo, que nada me faz mais feliz do que a felicidade do outro.
Queria poder ter demonstrado esse meu amor à quem já não está comigo, queria ter sido mais presente. Infelizmente não é mais possível. Então me empenharei a dedicá-lo aos que ficaram, aos que ainda não seja tarde (e talvez nunca o seja).
Que eu ame então, que amemos uns aos outros, que os erros sempre nos ensinem a seguir o caminho certo, que passemos mais tempo com quem amamos e menos nos lamentando de nossas duras vidas. Se a vida é difícil, sorria, faça alguém sorrir! Ame! Pois isso tudo é fácil e faz a vida ser mais bela!
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Esse texto merece e será dedicado à uma pessoa especial que não está mais aqui... Carol, apesar do pouco tempo que passei com vc (e me arrependo muito disso), digo de todo meu coração e com a mais pura sinceridade: vc sempre me encantou com seu jeito, seus sorrisos, suas perguntas. Me lembro até hoje de uma vez estar na casa da Vó Rosa com a Gi e a Carol, os três conversando com a Vó Rosa sobre assuntos diversos e principalmente metafísicos e num dado momento a Carol dizendo "Aiii eu tenho medo dessas coisas, se aparecer um na minha frente eu não sei o que faço". E eram momentos como esse, tão simples, mas ao mesmo tempo tão singulares e mágicos que faziam de vc uma pessoa admirável e inesquecível! Nunca pude conversar muito com vc, sempre fui mais fechado do que gostaria, mas a sua presença sempre causava algo de muito bom. É uma pena que não possa mais compartilhar momentos ao seu lado e que tenha perdido tantos outros, mas o que se passaram estarão sempre em minha memória!
Fique em paz, que continue a iluminar a todos que ficaram aqui sentindo sua falta!
Dedico esse texto a vc, eterno anjo que passou rápido por nossas vidas, mas as iluminou eternamente com seu amor!