quinta-feira, dezembro 21, 2006

Um presente ideal de Natal*

Acho que antes mesmo de se começar a amar alguém deve haver uma amizade, pois um namoro onde os dois não são amigos, não é um namoro sincero. É preciso sim ter muitas coisas em comum, essa história de "os opostos se atraem" funciona muito bem na física e somente nela, afinal como você vai conviver com alguém que é o oposto de você, que não gosta das coisas que você gosta? Cumplicidade, conversa... esses sim são muito importantes! Desentendimentos e problemas surgirão, independente do quanto os dois se amem, mas nada que uma conversa não resolva. É preciso saber ouvir, aceitar o que o outro diz e, juntos tentarem resolver o mal entendido sem nunca levar pra uma briga. E o mais difícil (que eu ainda estou aprendendo aos poucos!)... saber agir com a razão, afinal quando amamos, agimos muito por impulso e com o coração, mas às vezes o coração nos prega peças que podem causar grandes confusões e até acarretarem no término do namoro! Querer e ter boa vontade em ouvir o outro, embora seu coração medroso e inseguro diga que não, é essencial, porque isso mostra que, apesar de tudo, você confia no outro.
Carinho, atenção, palavras sinceras de afeto, declarações que vêm do nada, não importando o momento. Até mesmo o silêncio quando se ama diz muito. Conversar sobre tudo também é importante, ser sincero e aberto sobre qualquer que seja o assunto. Não ter excesso de ciúmes, se conseguir, ter o menos possível, pois se confiarem um no outro não haverá motivos para tê-lo e também se pode ter a certeza de que é amado na mesma intensidade. Saber os gostos do outro para saber quando e como agradar. Saber entender quando é o momento de ficar quieto e deixá-lo refletindo, quando for a hora certa com certeza ele irá te procurar. Saber discernir quando ele está chateado, cansado, bravo e quando isso é ou não com você, mas saber que, se tudo for esclarecido entre os dois, o outro irá ser sincero o bastante pra dizer se o problema é com você, caso contrário, deixe que ele mesmo o resolva. Sempre ser sincero quanto aos medos.
Amar intensamente, independente da distância, dos contras, dos obstáculos. Passar confiança e mostrar que estará sempre ali quando ele precisar, seja qual for o momento, nem que seja apenas para ficarem abraçados em silêncio, ou mesmo apenas no mesmo ambiente. Ser natural, ser você mesmo... se o amor for verdadeiro, não vai importar como você é. Deixar as coisas fluírem naturalmente, não force nada, até mesmo o sexo deve ser tratado como uma conseqüência, uma forma a mais de demonstrar o amor, mas não a mais importante. Sexo é bom, com amor melhor ainda, mas não quando se torna uma obrigação e/ou obsessão. Ir sempre com calma, ser impulsivo pode assustar (e eu sei bem disso!), esperar que, se tiver que acontecer, vai acontecer! Saber que, se tiver que ser, vocês dois farão com que seja, vocês lutarão para que dure e para que sejam felizes. Felicidade, é importante lutar pela felicidade do outro, pois se o amor for verdadeiro, a felicidade dele será a sua felicidade. E que, mesmo distantes, possa sentir o amor dele, lembrar dos momentos bons e sorrir do nada, simplesmente porque se amam.
O único medo que se deve ter (e que é o mais natural) é o de perder, mas que não seja causado por ciúmes. Quando se ama, o único medo permitido é esse, mas deve ter a certeza de que esse medo é de que aconteça algo com ele, ou até mesmo com você e que os separe, mas não algo que façam. Se cuidar também é essencial, por mais que a pessoa o ame por quem você é, é preciso tomar certas precauções, seja de vaidade (não em excesso) ou de saúde, esta última realmente importante. Ter coragem e força para cuidar do seu amor quando ele estiver doente, machucado. E quando ele estiver carente e manhoso, dê-lhe toda a sua atenção, mas que ambos entendam quando isso não for possível.
Não se importe tanto com aparência física, um dia os dois envelhecerão, tudo caíra e rugas aparecerão. Se importe mais com as idéias e como a pessoa é por dentro, pois quando envelhecerem, será muito bom ter alguém com quem conversar. Aproveite também os bons momentos, por mais breve que sejam, estes nunca mais voltarão! Aprenda com os momentos ruins e tire lições de seus próprios erros, isso te fará uma pessoa melhor, para o seu amado e para todos os outros. Queira sempre crescer como pessoa e crescer junto do seu amado.
* título inspirado em um comentário do Odir

sexta-feira, dezembro 15, 2006

- É... mais uma desilusão...

- Hã? Do que você tá falando?

- De você!

- Como assim Ale?

- Não se preocupe, talvez você não seja culpado.

- Eu não entendo... primeiro você diz que precisava estar comigo. Marcamos, você está aqui, deitado no meu colo quieto por vários minutos, com uma expressão aérea...

- Indiferente...

- Que seja... e agora solta essa frase, eu realmente não entendo.

- Pois é, há tempos que você não entende, que você não ME entende, Viny.

- Cara, do que você ta falando? Me explica!

- Talvez eu tenha esperado demais de você, cobrado demais, me iludido demais. Quem não me conhece talvez até pense que eu gosto disso, de sofrer essas desilusões que parecem se repetir cada vez com mais freqüência!

- ...

- Tanta coisa aconteceu... você mudou, eu mudei... No começo eu sofri, mas isso desgastou até mesmo meu sofrimento. Não te odeio, muito menos te amo e talvez eu não sinta isso por ninguém, sabe? É como se eu fosse um grande vazio de sentimentos. Comecei a passar horas trancado no meu quarto, ouvindo as músicas que mais gosto, repetidas vezes, deitado na cama e olhando pro teto, sem pensar em nada, apenas ali... como se eu apenas vivesse, sem qualquer propósito.

- Eu não sei o que te dizer, Ale...

- Eu já esperava por isso... aliás, acho que eu já não esperava mais nada. Mas de certo modo é bom que ao menos você possa me ouvir, mesmo sem entender ou ser capaz de remediar todo esse amontoado de enganos e falsas esperanças.

- Ainda não sei onde quer chegar!

- Em lugar algum, não há onde se chegar. Você não entende que não é mais como antes? Que tudo mudou naquela semana? Que você deixou de ser o mesmo por tempo demais e isso se tornou tão constante que eu parei de me importar?

- Mas foi uma fase, eu estou aqui não estou?

- Pra mim é como se não estivesse, pois não importa mais. Não estávamos prontos para termos qualquer tipo de contato e talvez nunca mais estejamos depois dessa conversa.

- Onde você quer chegar, Ale?

- No exato momento em que eu digo que nada mais tem significado, em que minha mente se esvaziou de qualquer pensamento que pudesse perturbar meu sono. Eu não sinto mais nada, entende? Nada me alegra nem entristece mais, tudo perdeu o sentido. Talvez eu fosse feliz na época em que era depressivo e isso com certeza é o paradoxo mais irônico de toda a minha vida!

- Esse ponto eu entendi... já que nessa época ao menos você tinha um sentimento, não é?

- Exato.

- E agora?

- E agora eu me vou, eu vim mesmo pra ter certeza de que eu não estava enganado e fosse só uma fase, mas já faz um bom tempo que estou assim e mesmo dizendo que me vou, não desperta em mim o mínimo sentimento. Nem ao menos o de remorso por dizer que o culpado disso tudo foi você.

- Eu não queria que acabasse assim... nossa amizade... você ainda é meu melhor amigo.

- E você ainda é a pessoa que mais pode me ouvir, mas como eu já disse, não importa mais. Eu não posso continuar com isso, não quero ter que fingir. Fingir que ainda sinto algo, que ainda o considero um amigo, que ainda desejo te beijar. Fomos amigos e muito mais que isso,Viny. Mas hoje, nesse exato momento e de agora em diante, não seremos mais nada.

- ...

- Lágrimas... as primeiras que eu vejo você derramar. Eu o invejo por isso! Desejei tanto ser forte como você e não chorar por qualquer coisa e hoje nem sei mais o que é chorar. Pela primeira e última vez limparei suas lágrimas.

- Eu... não queria que fosse assim, me desculpe...

- Já é desnecessário seu pedido de desculpas e já se passou tempo demais pra isso. Esqueça. Não darei um beijo de adeus, pois seria dramático demais e de nada adiantaria um beijo vazio. Prefiro que você recorde dos momentos em que fomos felizes, em que passávamos tardes inteiras rindo um com o outro. E não se preocupe comigo, já não dói mais como doeu no começo!

- Você já vai?

- Sim, não há mais porque ficar aqui. Apesar do que aconteceu nessas últimas semanas, foi bom tê-lo comigo por um tempo. Dei a você o meu melhor e sinta-se feliz por ter sido o último. Agora que já me levantei, eu me vou...

- Quer que eu o acompanhe?

- Melhor não...

- Antes você diria “claro, se for o que você quer”.

- Antes eu o amava e você não me deixava como segundo plano.

- ...

- Desculpe-me, acho que estou sendo mais insensível do que o necessário.

- Você apenas está sendo sincero.

- Sinceridade às vezes machuca e eu sei que as minhas são dolorosas pra você e que por mais que eu diga pra você esquecer, eu sei que você se culpará por isso, mas não vou me esforçar para provar o contrário, você sabe muito bem porquê.

- Então é um adeus?
Sem olhar pra trás, Alexander se foi, nem ao menos uma resposta, um aceno, um sinal qualquer que fosse. Foi pra não voltar mais e Vinicius ficou ali por um tempo, sem reação, um turbilhão de sentimentos, lágrimas que não cessavam, o peito queimando. A dor não cessaria jamais, pois ainda pior que a indiferença, é ser o causador da mesma.